sexta-feira, 4 de abril de 2008

Analogia Fantástica do Arsenal da Esperança

Uma estação de trem.
Ao mesmo tempo que o trem carrega, ele despeja essas pessoas na plataforma.
O sistema da estação não é o mais importante, mas os elementos que desfilam por nossos olhos são de uma realidade fugaz.
Sem vínculos, sem pessoas esperando, sem plaquetas que os nomeiem para levá-los a um ponto fixo, sem famílias que os recepcionem e os levem para um seio.
A plataforma é base, esse desfile de corpos variados formados pela natureza como flores feias e miraculosas.
Entre esses há aqueles que passam dias sentados com suas calças jeans sujas pedindo por banho e uma toalha limpa para entorná-los.
A estação é o começo...
É condicionada por pessoas que circulam, têm objetivos, mas não sabemos quais são, apenas seus olhares determinados, seus passos que as pernas carregam, levando-os para o circuito da estação.
Outros escolhem encostar-se em bancos acompanhados de caixas de areia utilizada como cinzeiros, e optam por um ponto de vista que nunca saberei.
Vê-se que nesta estação, criam-se formas de distração. Têm salas escuras com muitas cadeiras e telas grandes que passa jogos de futebol. O mote do país, a nação do futebol, a união pelo esporte, entretanto sós.
Creio que esperando alguma coisa que os retirem desse lugar, como a adesão à algo que conforte e dê um lugar seguro e particular deles. Do pouco que possuem: suas mochilas, seus pertences pessoais, a riqueza está no mistério desses passageiros.
Chame de pobreza a pobreza de afetividade e de efetividade no mundo. Apenas uma estação concreta, porém efêmera.
Uma família de pombos na estação realça o fato da unidade familiar natal e ao mesmo tempo metaforiza para esses olhos de fora a incapacidade de alçar vôo com facilidade.
É o trem encarrilhado, no lugar de nenhum e de todos.
Uma biblioteca nessa estação pode fazer alçar o vôo do pensamento e da imaginação sem fronteiras.
Apenas a formação simples e singela de imagens, de espaços, de tempos e de estéticas.
São forasteiros, nômades ligados a esse país pela habitação, existência, informação orientada e o material que cada um traz internamente. Seus andares de executivos decadentes, agindo em prol de si mesmos numa coletividade.
Cada um com sua particularidade no conjunto, observando de fora exemplifico, como uma orquestra onde todos os elementos são imprescindíveis e, no entanto, o regente jamais terá uma equipe constante.
Abrigados por um nesta estação por período indeterminado, cada um com seu tempo de adaptação, criam hábitos peculiares e de acordo com sua cultura natal e sua peculiaridade como ser único.
É curioso para minha investigação esse particular e o geral, um circuito ininterrupto de corpos, como numa dança.