Cada passo pela rua se ergue ao olhar
do outro, cada olhar rebaixa aos quadris, no movimento basculante,
entra momentaneamente em transe.
Mas veio de um lugar onde há apoio,
mexe os braços com seu vão em torno do corpo, a respiração
causa pertencimento em meio a multidão.
Os olhares ficam mirados na face, confirmação
de sua presença, quando não lambe os beiços, no fundo quer constatar e só, isso é muito
pouco, o fundo do olho reconhece e paira sobre sacolas, cores,
cabelos, roupas, chapéu, tatuagens...
O que vem antes daquilo estampado,
aquilo que houve um trabalho, uma escolha, aquela marca feminina ou o homem
corpulento...despertam desejos e necessidades apenas no campo
aspiracional.
É a carga da caminhada...entusiasmo, apoio que
vem antes, encontro no enquanto e projeto que vai solto
Chão de ladrilho, pedaços formam
quadrados, estranha mania do preto e do branco, da rua um grande
quadrado, segue uma reta quadro a quadro.
Cada passo pela rua um olhar, que decai
embaçado, para dentro vê...do lodo do seu estado de espírito, seu
andar massante, incorporado.
A caminhada não é mais sua, a
linha não traça mais, anda quebrando para lá e para cá, nos
quadrados do chão transita a própria vertigem.
Um homem de camisa social cospe no chão
e ela sente que tudo é flúido na multidão, neste trajeto pegajoso.
Transferência de sentimentos preenchem
o peito, apertam o coração, embrulham o estômago, retorce o rosto.
Quer livrar-se de todos, de toda camada
que lhe chega a dor.
Perde o limite, mulheres viram inimigas
e o homem bandido...
Aperta o passo, mexe no cabelo.....anda
atrás de duas amigas que conversam: uma bem gorda a outra bem magra,
não ouve o que dizem com a visão do coque e do rabo de cavalo, não
sabe se observa a retidão de uma ou o alinhamento da outra,
ultrapassa rebelde.
Olha para o tênis do menino que entra
na galeria com um pulo, o mundo indo para frente e ela sempre
atrás...
Entra na loja do coreano, as peças
minúsculas, brilhos...trazem alegria. Cada peça que pega na mão
imagina o mais bonito adorno para se fazer notar.
É observada
pelo funcionário na entrada e saída da loja, do fundo do corredor a
coreana impassível, é levar ou roubar, o pagamento realmente é o
desaforo.
Mas veio de um lugar que há apoio e
isso é muito pouco para uma vergonha ou poder.
Desce para o fluxo, cheia de
antíteses...
Da poluição da rua só a arquitetura
se ergue ao seu olhar, do tico do seu céu pensamento de nuvem.
Para na frente da livraria, gosta do
cheiro de café e da reserva dos atendentes, tempo morto que cava
espaço interno, prateleiras, temas, best sellers,. Que personagem
seria?
Nenhum comentário:
Postar um comentário