quinta-feira, 5 de maio de 2016

gala



Você pensa que vai me comprar? Eu quero atenção que preste.
Você me elege pelo meu carinho e estou esperando uma fita de cetim para amarrar no meu dedo e lembrar que você lembra de mim.
Presente de armarinho, baratinho, que mamãe visita para fazer suas graças. Ela que cuidou bonitinho de mim, que me vestiu do jeitinho que sua mãe aprova meu bom gosto.
A minha melancolia, de todas as cólicas que me vem e que não devo pensar mesmo sentindo, sozinha a essa função hereditária ao me encolher como feto. 
Me esquento e cuido de mim sem expectativa de mãe que largou a mãe.
Nesta estrada caminho ao seu lado, você em linha reta quer todas as curvas.
As depressões, obstáculos, acostamento é meu trajeto, que sigo andando ao seu lado sem analise da mecânica do veículo. 
Sou óleo lubrificante, sujo, escuro e que pode trocar em qualquer quarteirão.
Começo a rodar mais, gastar mais gás, embuída da alma, sentimento e pensamento que vislumbra um horizonte que se distancia quando me aproximo. 
A caminhada pede graça, ternura e histeria.
Fora do esquadro sem a justa medida, tem a crítica que me iguala a mil, dez mil, todas iguais. Únicas cada qual com seu desenho, de beleza a indecência, de poder a opressão, de liberdade a repressão. 
Como dizia meu pai a dor é mãe e como dói.
Assassino minha complexidade, vivo sozinha minhas fabulações sobre o pé estrangulado, ainda tenho tesão.
Tira minha inocência, quer minha ingenuidade. 
Seu amor estampa a mentira, meu amor é escolha que nunca alcança, indiferença que nego com calor, tristeza que entusiasma com alegria da amiga, amiga que me trai pelo que tenho, sustento o que não é meu.
Vocifero a cólera da praga que alastra em todos meus centros e pela periferia sou bandida, criminosa e passional.
E a razão é o terno de alma boa.

2 comentários:

HAHAHAHAHAHA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
HAHAHAHAHAHA disse...

Emocionante, tocante e verdadeiro. Incrível!