Você pensa que vai me comprar? Eu
quero atenção que preste.
Você me elege pelo meu carinho e estou
esperando uma fita de cetim para amarrar no meu dedo e lembrar que
você lembra de mim.
Presente de armarinho, baratinho, que
mamãe visita para fazer suas graças. Ela que cuidou bonitinho de
mim, que me vestiu do jeitinho que sua mãe aprova meu bom gosto.
A minha melancolia, de todas as cólicas
que me vem e que não devo pensar mesmo sentindo, sozinha a essa
função hereditária ao me encolher como feto.
Me esquento e
cuido de mim sem expectativa de mãe que largou a mãe.
Nesta estrada caminho ao seu lado, você
em linha reta quer todas as curvas.
As depressões,
obstáculos, acostamento é meu trajeto, que sigo andando ao seu
lado sem analise da mecânica do veículo.
Sou óleo lubrificante,
sujo, escuro e que pode trocar em qualquer quarteirão.
Começo a rodar mais, gastar mais gás,
embuída da alma, sentimento e pensamento que vislumbra um horizonte
que se distancia quando me aproximo.
A caminhada pede graça,
ternura e histeria.
Fora do esquadro sem a justa medida, tem
a crítica que me iguala a mil, dez mil, todas iguais. Únicas
cada qual com seu desenho, de beleza a indecência, de poder a
opressão, de liberdade a repressão.
Como dizia meu pai a dor é mãe e como dói.
Assassino minha complexidade, vivo
sozinha minhas fabulações sobre o pé estrangulado, ainda tenho tesão.
Tira minha inocência, quer minha
ingenuidade.
Seu amor estampa a mentira, meu amor é escolha
que nunca alcança, indiferença que nego com calor, tristeza que
entusiasma com alegria da amiga, amiga que me trai pelo que tenho,
sustento o que não é meu.
Vocifero a cólera da praga que alastra
em todos meus centros e pela periferia sou
bandida, criminosa e passional.
E a razão é o terno de alma boa.
2 comentários:
Emocionante, tocante e verdadeiro. Incrível!
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